quinta-feira, 20 de maio de 2010

Meu Processo

Abaixo, segue o relato enviado pela Bruna*.
Coloco também, como introdução, o email que ela me enviou contextualizando o seu processo.

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Olá Helena,

Há duas semanas venho acompanhando o "Sapatilhando", os relatos e textos do blog tem me ajudado muito a pensar na minha experiência e no processo que venho passando de aceitação e tentativa de me conhecer um pouco mais.
Percebo que o blog tem muitas discussões acerca da relação com os pais, mas no meu caso a angústia maior vem de uma relação com um homem, que embora não me faça feliz foi em alguns momentos confortável, por responder mais ou menos aquilo que minha família esperava de mim: casar, ter filhos etc e tal.
No novo blog, os relatos dão conta de histórias mais ou menos resolvidas quanto a aceitação e o posicionamento, pelo menos para as pessoas mais próximas, no meu caso essa situação ainda está em um processo, ainda assim talvez possa contribuir para reflexões e principalmente, talvez me possibilite ouvir o que outras pensam sobre isso e me fortalecer. É nessa esperança que escrevo o depoimento abaixo.

Um abraço
Parabéns pela iniciativa

* Bruna - Salvador

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"Apesar de algumas experiências homossexuais na infância, o marco da minha descoberta foi um relacionamento que vivenciei no último ano da universidade, quando pude experimentar situações que só estavam presentes na minha imaginação. Contudo, diferente de muitas mulheres não assumi pra mim, que era homossexual. Mantive um relacionamento com um homem, obviamente, ela não aceitou essa situação e, também por uma série de outras questões, terminamos.
Depois disso, passei um ano fazendo mestrado em outro estado, o que poderia ter sido um grande momento de libertação, e em alguma medida foi. Conheci a primeira mulher por quem me apaixonei. Tivemos uma relação difícil e tensa. Ela também não se assumia e tínhamos muitos medos. A despeito disso, senti que ao lado dela teria coragem de enfrentar o mundo se preciso fosse, mas não deu certo e, entre altos e baixos, continuava a minha relação, agora à distância, com o mesmo homem que já citei.
Terminei as disciplinas do mestrado e retornei a Salvador disposta a resolver essa questão na minha vida: assumir minha homossexualidade? Não, de forma alguma. Resolvi casar com o meu namorado, ter filhos e esquecer aquela “fase”.
Tive um filho que hoje tem três anos de idade, vivo em um casamento conturbado. Muitos momentos de conflito. O mais sério aconteceu quando ele descobriu que ainda nutria uma paixão por uma pessoa que havia passado por minha vida, e que se tratava de uma mulher. Nos separamos, organizei minha vida e acreditei que aquela antiga paixão poderia ser revivida, pois finalmente estava sozinha.
Intensifiquei o contato com ela, pois nunca deixamos de trocar e-mails. Passamos a nos encontrar no skype, quase todas as noites. Até que resolvi viajar para encontrá-la depois de tantos anos, e então, ela não teve coragem e parou de se comunicar comigo.
Me senti sozinha e desamparada e voltei para o meu ex-marido. Mais uma vez empreendi forças para fazer a relação decolar, acreditava que sem o fantasma dela tudo daria certo. Esse retorno aconteceu em dezembro de 2007.
Atualmente, caminho para uma realização profissional, tenho um filho maravilhoso, mas vivo infeliz e em pé de guerra com meu marido. Depois de três anos de terapia me sinto fortalecida para sair de casa e acreditando que essa separação será definitiva. É uma tentativa desesperada de me dar uma chance de viver uma vida sem mentiras."

* Bruna/Salvador-Bahia

3 comentários:

Tânia disse...

Bruna, Esse processo de aceitação é doloroso quando não temos alguém para compartilhar esse dilema. Percebo que ao estar sozinha, sente que o peso é muito maior... A princípio, busque uma amizade sincera e compreensiva, alguém que te compreenda, que te ouça, que te aceite, que te ajude a fortalecer sentimentos arraigados no coração e que tanto te incomodam... Pense um pouco... Vale a pena lutar contra um sentimento forte que permeia o seu coração? Vale a pena ficar com alguém que não te completa só para não ficar só? Procure o amor da sua vida e a encontrará em algum lugar deste Brasil ou do mundo. Boa sorte

Alessandra Reis disse...

Bruna, a vida exige de nós que a cada novo dia busquemos o melhor dela. Nascemos para sermos felizes. E isso dá sentido a vida: a busca pela felicidade! Busca é processo, caminho... Nem sempre é fácil aceitar os obstáculos, e principalmente superá-los. Mas você chegou até aqui não é mesmo?! Já é em si uma conquista. Depois de tantos altos e baixos, buscar uma vida sem mentiras é uma conquista. Não mentir a si mesma, não se enganar é outra conquista! Desejo-lhe sorte em seus passos, em sua caminhada. E embora nem sempre seja fácil permanecer numa direção, caminhos são feitos de passos não é mesmo?! Você esta caminhando. E desejo que seus passos sejam fortalecidos a cada novo dia. Desejo mesmo que ao final da estrada, você olhe para trás e diga a si mesma: - Foi dificil, mas cheguei até aqui e posso dizer que sou feliz! Desejo mesmo, de coração que sejas FELIZ, consigo, com a vida, com seu filho, com suas escolhas! Que haja sempre em seus caminhos: PAZ, AMOR E LUZ!

Anônimo disse...

La ringrazio per Blog intiresny