quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Toda lágrima foi válida!


Minha história - Espero que seja exemplo, para que vocês nunca desistam dos seus sonhos.

Tem uma frase que diz mais ou menos assim:
"Não é digno de saborear o mel, quem tem medo das picadas das abelhas."

Olá meu nome é Vanessa tenho 29 anos.

Sempre namorei muito...homens é claro. Tive meu primeiro namorado com apenas 14 anos. Ficamos juntos por 5 e tivemos uma filha maravilhosa que hoje tem 11 anos. Atração por mulheres, acho que sempre tive. Mas no último ano que estivemos juntos, nos tornamos amigos demais e isso fez com que essa atração só aumentasse.

Nos separamos, é claro. Não dá pra viver casada com um amigo! Voltei pra casa de "mamãe" e comecei a sair muito.... namorei muito, mas sempre faltava alguma coisa. Até que em um belo dia entrei em blog lésbico (juro que foi sem querer,rs), mas confesso que as imagens, o texto, tudo me atiçou muito. Comecei a fazer comentários e, consequentemente, amizades na net.

Fiz amizade com uma F. em especial, e começou a rolar um clima... porém eu de São Paulo e ela do Espirito Santo. Bom aí veio a loucura, no carnaval de 2006 comprei uma passagem e fui.... 4 dias !
Depois disso tive certeza! EU GOSTO DE MULHER!

Mas... meu problema só estava começando. 

Voltei pra casa com uma aliança no dedo, ninguém nunca perguntou de quem era, mas nunca a escondi!

Até que em abril ela veio me visitar... foi quando minha mãe se ligou e a bomba explodiu.

Acho que nunca ouvi tanta barbaridade em minha vida!

Ela (F) acabou indo embora mais cedo é claro, e minha mãe começou a fingir que nada havia acontecido, pois coincidentemente eu e a F. terminamos, e minha mãe achou que era só uma fase, que já havia passado, até eu conhecer a Lu... rs

Pra variar só um pouquinho, ela morava no interior de SP (só 2 horas de viagem de carro). Isso quer dizer, eu ia pro interior no sábado e voltava no domingo.

Minha mãe quase surtou.
Um domingo à noite quando voltei, estava toda a família sentada na mesa, tomando caldo, cerveja... e foi mais ou menos assim:

minha tia: Oi Van, no final de semana iremos fazer um churrasco, queremos você aqui, tá?
eu: Xiii, não sei não, já marquei de ir pra vinhedo.
--minha mãe dá um tapa na mesa, se levanta e fala bem alto: Você não vai!
eu: Vou sim (continuei sentada quietinha)
mãe: Você não vai!
eu: Eu vou.
mãe: Então você arruma suas coisas e saia da minha casa.

Bom resumindo: foram 15 dias com todos mudos dentro de casa até que consegui alugar uma casa e saí.

Porém havia um problema ainda maior. A rotina de minha filha: eu saía para trabalhar 5:50 hs da manhã - ela ficava com minha mãe até 11:30hs. Quando o pai dela a pegava e levava para escola. Ela estudava até as 17 hs e ficava na casa do pai até as 19:30 hs quando eu voltava do serviço e a pegava.

Quando anunciei que arrumei uma casa, minha mãe chamou meu ex e foi mais ou menos assim:

mãe: Se você levar a Pequena eu não vou cuidar mais dela.
ex: Se você levá-la minha mãe não ficará mais com ela.

Resumindo: como iria sair às 5:50 da manhã e voltar às 19: 30 sem ter com quem deixar minha filha? 

Não tive escolha, pensei pensei... Mesmo que eu a levasse, quem olhasse ela, cobraria uma fortuna, e como ficaria tranquila em deixá-la com uma pessoa estranha o dia todo? Fui morar sozinha... e minha pequena ficou com minha mãe.

Ela, não satisfeita, se juntou com o meu ex-marido e entraram com um processo de pedido da guarda de minha filha.  

Uma bela manhã recebi uma intimação para comparecer no fórum, para conversar com a assistente social.

Acho que isso foi o pior de tudo.

Comecei a namorar cedo sim, porém desde meus 12 anos sempre trabalhei. Engravidei com 17 anos de um rapaz que eu já namorava há 3 anos.

Porém nunca precisei financeiramente de minha mãe, pois nós dois sempre mantivemos e mantemos nossa filha, com tudo de melhor dentro de nossas condições....

Bom... eu fui, e acho que usei a assistente social como um divã, rs.

Falei tudo, falei que sempre trabalhei, que tinha um bom emprego e estável, que meu relacionamento não afetava minha filha.

Disse que minha filha sabia sim, porque eu contei pra ela da melhor forma que eu encontrei. Que eu a amava mais que tudo e não queria de forma alguma ficar sem ela. E que não a deixei porque eu quis, mas porque não tive outra alternativa.  


Nunca deixei de ser responsável  por ser gay, e não faria nada que pudesse prejudicá-la. 

Bom... não sei o que a assistente pensou, mas, nunca mais fui convocada para nada.

Morei sozinha por quase 8 meses, confesso, quase enlouqueci.

Ia ver minha filha todos os dias, e nos finais de semana ela ficava comigo. 

Mas quando eu ficava sozinha... pensava nas piores besteiras possíveis. Nunca pensei que ficar sozinha seria tão ruim.

A Lu me apoiou muito...Ah se não fosse ela!!

Muitas vezes quando eu não estava bem, ela saia do interior depois do serviço, viajava 3 horas de ônibus no meio da semana, tudo pra não me deixar sozinha.

Quando eu cheguei no meu limite, pedi minhas contas do serviço e vim embora pro interior, morar com ela.

Mais uma luta começou.... Ia todos os finais de semana ver minha pequena, mas eles a escondiam de mim. 

Fiquei 1 mês sem vê-la.

Quando numa sexta-feira fui busca-la na escola e pra variar ela não foi. Fui até a casa do pai dela.

eu: Quero ver minha filha.
ex: Ela saiu com tua mãe.
eu: Bom... eu não fiz filho com minha mãe, e teoricamente quando um casal se separa a guarda é da mãe. Se você não trouxer minha filha, vou até a delegacia e vou te acusar de sequestro. E eu te ponho na cadeia se for preciso.

Passamos o final de semana inteiro juntinhas, e tratei com ele que iria buscá-la todo final de semana e a levaria de volta na segunda-feira pela manhã. E assim foi.

Minha filha sentia muita minha falta e eu dela.
 E o pai dela via isso.

No fundo ele não é má pessoa, mas não tenho idéia do que minha mãe falou pra ele, que o fez agir daquela maneira.

Acho que assistente social os aconselhou a deixar o processo de lado, pois com certeza não ganhariam. (Agradeço a ela de coração)

Depois de quase um ano minha mãe resolveu conhecer a Lu. E hoje se dão muito bem.


Depois de quase dois anos, minha pequena voltou a morar comigo. E a amo acima de tudo.

Bom, começando novamente:

Meu nome é Vanessa, 29 anos, casada com Luciana, 33 anos, tenho uma filha e uma enteada que são maravilhosas. Nós quatro vivemos juntas há quase 5 anos. Sou gay, e sofri muito para poder dizer isso, mas toda lágrima foi válida, e passaria tudo novamente, para poder ter a oportunidade de dormir com a pessoa que eu amo, e acordar todos os dias com a minha família, que é a mais perfeita de todas! 

É a minha família!!!

Vanessa 

Quando decidi ser feliz :)


Olá.

Tenho 27 anos, sou uma menina mulher como qualquer outra.
Sou mãe, filha, sobrinha, amiga, parceira.. e namorada...

Sou namorada da mais linda mulher que já conheci.

Antes de namorar minha pekena, eu sempre me relacionei com homens, que aliás sempre foram meu fraco...adoro o jeito deles, a maneira como agem, a valentia, a proteção, o desejo, os braços fortes, a voz grave, as mãos grandes, o cheiro o abraço - gosto mesmo.

Mas apesar de inúmeras e incontáveis tentativas de felicidade, nunca consegui ser feliz com um homem.

Tive uns dois ou três relacionamentos mais sérios e duradouros, um inclusive de quase 10 anos, com um amigo que amei demais...e acho que fui amada de menos.

Até que um dia, um belo dia, após várias vezes falar em tom de brincadeira de que eu mudaria de time, pois acreditava que uma mulher poderia me fazer feliz, eu decidi tomar coragem e entrar numa sala de bate-papo...

Sim, daquelas de provedores de internet, onde tudo pode acontecer, você tanto pode conhecer um tarado maníaco sexual, como alguma criança fuçando na web.

Foi aí que conheci a pessoa mais incrível e maravilhosa....a G.

Conversamos um pouco no chat e logo trocamos msn, e quando vi já tinha passado meu telefone pra ela.

Conversamos bastante, sempre joguei aberto dizendo que gostava de homens, mas que tinha curiosidade em conhecer uma mulher, e ela, por sua vez, me disse que era casada há 3anos com uma mulher, e morava com ela.

Os dias foram passando, e a vontade de conhecê-la aumentando. Até que uma semana após o primeiro contato virtual, lá estava ela... na minha frente. Linda, cabelos negros um pouco abaixo dos ombros, porém presos, pele branca e lindos olhos verdes..calça jeans justa, regatinha branca, tênis!

Não sei dizer ao certo se me apaixonei logo que a vi, mas ela me disse nesse dia, sentada à minha frente, que estava apaixonada. Confesso que não tive a intenção de me envolver com uma mulher, era apenas uma curiosidade, uma fantasia.

Então, algums minutos depois ela me pediu um beijo, o qual eu esperava que me fosse roubado, afinal das contas ambas sabíamos que queríamos, e o desejo era presente nas duas.

Nesse momento meus lábios tocaram os dela, delicadamente, suave...como um doce encanto.

O tempo passou e continuamos a nos falar: internet, telefone, visitas escondidas no meu serviço, no dela...e eu não tinha mais como negar: estava amando. Estava completa, me sentia feliz.

Hoje estamos há quase 10 meses juntas. Muita coisa aconteceu, tanto na minha vida como na dela, a família dela sabe sobre nós, e hoje aceitam, a minha não sabe, somos apenas melhores amigas.

Ela se separou, mas ainda mora com a ex, pois é a maneira de ficarmos juntas. Eu perdi meu irmão, e foi ela quem me deu forças para continuar a viver e acreditar em mim.

G. me fez aprender a ser amanda, a amar, a ser alguém melhor. Lógico que ainda tenho meus momentos de "Rainha Malévola", mas certamente cada dia que passa sou cada vez mais uma "Rainha de Copas".

* Rebecca

Aprendendo a ser diferente

Olá. É-me difícil relembrar o passado, mas quero compartilhá-lo com todas vocês.

Quando eu tinha 5 anos tive meu primeiro caso dito antigamente homossexual, que devido as circunstâncias me foram traumatizantes. Ela era minha amiga, só que depois de um certo tempo começamos a fazer coisas no banheiro que nos provocavam orgasmos, ou quase isso - lembro que era bom demais, porém não me deixava confortável.

Acontecia sempre no final do dia, antes de eu voltar para casa. A mãe dela nos via e até achava legal, e por causa da presença dela eu achava que não fosse nada "errado". Provavelmente Tatiane (minha amiga) tinha essas ideias ao ver o pai dela assistindo na sala filmes pornôs, isso mesmo: ele não tinha a menor atitude para disfarçar e trocar de canal em nossa companhia.

 Ao chegar as férias meus pais deixaram eu levar a Tatiane conosco, ir para nossa casa de veraneio. Ela foi. E assim me fez desbravar mais momentos que não gostaria de ter tido. Mas houve um em especial que foi, para mim, a gota d'água em minha consciência.

Um dia meus pais precisaram sair e nos deixaram com meus irmãos, então Tatiane teve a incrível ideia de irmos para o quarto dos meus pais para brincar de teatro. Eis que ela me pede para ser "Romeu &Julieta", e que eu fosse o Romeu.

Pois bem, foi nesse instante que reformulei todas as nossas histórias juntas e percebi que era a coisa abominável pela sociedade. Eu não tinha interesse por garotas ou garotos naquela época, simplesmente era feliz. Resolvi aceitar só para ver até onde ia, eu era alguém fraco e não gostava de deixá-la chateada. Fizemos as primeiras falas e, de repente, ela me pede para virar as costas e aguardar. Tudo bem.

Ao desvirar-me ela estava despida na cama e me chamando para ir ao encontro dela. Eu sabia como era a peça e não queria fazer aquilo!

Era repulsivo pra mim, mas ela tinha algo que me controlava e eu fui. Não chegamos a fazer nada demais, para minha sorte meus pais chegaram no momento e já viram, nunca mais vi Tatiane. Minha família resolveu se mudar, e nunca mais tocaram no assunto comigo.

Evitaram, simplesmente parece que fizeram questão de esquecer e não encarar os fatos do que eu poderia ser. Conforme os anos passaram, eu fui modificando meu jeito de ser. De guriazinha acabei por ser guri. 

Quando eu tinha 14 anos fui nomeada o guri mais bonito do ensino fundamental - O GURI! 

Como meu grupo de amizades era limitado, a grande maioria do colégio achava que eu fosse um guri, mesmo naquela época eu ter cabelo grande e nome ser de guria. Assim que a notícia foi parar ao meu ouvido, quase morri de vergonha.

Tudo bem, eu achava uma guria bonita, ela era de outra turma e provavelmente não fazia ideia do que eu era(afinal, nem eu sabia!), além do mais, a partir desse fato, finalmente, que me aceitei diferente. Eu adorava dar atenção a ela nos intervalos, olhá-la a passar por mim, virar-me e perceber que ela também havia se virado para me olhar.

 Talvez por isso, pelas pessoas perceberem, achavam que eu fosse guri. E então quando tudo veio à tona milhares de gurias vieram falar comigo, e eu não falava nada de tamanha vontade que eu sentia de ser um avestruz e enfiar minha cabeça em algum lugar para me esconder.

No final do ano eu já havia sido aprovada, sempre fui uma das melhores da classe e passava ainda no 3º bimestre. A guria que eu gostava começou a ficar mais presente em minha sala de aula, não nos falávamos, olhávamo-nos muito, e era nesses encontros de olhos que tudo nos era revelado a nosso respeito.

Acabou que namoramos por algumas semanas, antes do ano terminar e eu mudar de colégio por ter passado para um colégio federal. E eu não disse a ela que era uma guria, para ela eu era um guri - todos achavam isso de mim, ninguém achava esquisito nos ver juntas.

 Toda noite, desde aquele fato na minha infância aos 5 anos, que eu antes de dormir pedia a Deus para alterar meu sexo.

Sim, eu desejava acordar no dia seguinte e descobrir que eu, na verdade, era um guri.

Enfim, curiosamente eu não menstruei até os meus 16 anos, e então minha mãe me levou ao médico para ver se havia algum problema comigo.

 Eu desejei que fosse algo errado, sim! E era ... depois de uns exames descobri-me hermafrodita. 

Tinha sim os órgãos sexuais femininos externos, mas tinha também órgãos masculos internamente. Por isso que meu corpo não era nem feminino nem masculino, meus seios não haviam se desenvolvido.

Quando, finalmente, foi-me dada a escolha eu optei, obviamente, pelo sexo masculino. Hoje eu sou quem eu sempre quis ser, um homem - e foi porque realmente Deus me "atendeu".

Devido a essas experiências aprendi a ser um homem que dá valor aos mínimos detalhes e sabe o quão difícil é conviver com o preconceito. 

Tenho 22 anos e estou no 11º período em medicina, por todo o meu passado eu resolvi que nasci para ajudar as pessoas e fazer o máximo possível para minimizar seus traumas.

 Obrigado pela atenção de todos(as), sinto-me bem ao compartilhar minha história com vocês.

 * Eduardo

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Não sei se o amor é para mim...

Minha história não tem nada de excepcional, mas vou contar aqui:

Até os 30 anos, sempre namorei homens, tive vários relacionamentos sérios e “galinhei” muito também, porém o dedo podre imperava nas minhas escolhas. 

Muitos tinham problemas com drogas, ou não gostavam de trabalhar ou eram cafajestes.

Quase me casei algumas vezes, mas quando pensava em ir em frente, não tinha coragem.

Nunca senti atração por mulheres até então. 

Existia uma curiosidade quando assistia algum filme em que havia sexo entre mulheres e sempre tive simpatia por gays. Até que um dia conheci a A*, que se dizia hétero, e tinha vários namorados no currículo..

Ela era 7 anos mais nova que eu. Fizemos uma amizade forte num curto espaço de tempo.  Um certo dia conversamos sobre homossexualidade e depois disso começou a rolar uma paquera velada entre a gente, trocamos e-mails calientes, mas quando estávamos cara a cara, não tínhamos coragem de falar nada.

Até que um dia, ela dormiu em casa pois iríamos viajar de madrugada e acabou rolando tudo e mais um pouco. Tudo isso, entre conhecer, amizade e paquera aconteceu num período de 1 mês.

Depois da nossa primeira vez, ficamos juntas por quase 3 anos. Ela já havia se relacionado com apenas uma mulher antes de mim.

A A* é uma ótima pessoa, linda por dentro e por fora.

Nossa relação foi conturbada, além de não sermos assumidas, logo nos primeiros meses de namoro, ela se mudou pra uma cidade que fica em torno de 3 horas de distância.

Sofremos muito por causa da distância. Mas nos víamos quase todos os fins de semanas. Sou muito ciumenta e possessiva, e era difícil ficar longe. Após muitas brigas, na maioria das vezes por causa dos meus surtos de ciúmes, acabamos terminando de vez. Fiquei arrasada, ela foi a pessoa que mais amei na vida e ela fala a mesma coisa de mim.

Hoje somos grandes amigas, mas nos vemos pouco, pois ela mora em outro país.


Passei quase um ano em depressão e com crise de identidade sexual. Mas depois de ficar com outros homens, vi que não era mais isso que queria para minha vida, e que gostava de mulher. Comecei a sair pras baladas gays, conhecer pessoas. Tive vários namoricos e paqueras, nenhum sério, continuava com o “dedo podre” nas escolhas.

Com 35 anos, conheci a F* numa balada, 11 anos mais nova que eu, acabamos engatando um relacionamento (sempre me relaciono com pessoas mais jovens, mas não é opção, simplesmente acontece). Nos apaixonamos, ela havia acabado de se formar, trabalhava, é uma pessoa batalhadora, mas.. sempre tem um mas...

Com 6 meses de namoro, descobri que ela me traía, tinha uma amante, uma mulher que trabalhava com ela. Fiquei arrasada, pois não imaginava que ela poderia fazer isso comigo, foram muitas mentiras. Mas depois de uma semana, ela implorou pra eu ficasse com ela e acabei voltando, apesar de sempre dizer que nunca aceitaria traições. Por amá-la, acabei aceitando, mas não perdoando.

Antes dessa descoberta, estávamos planejando morarmos juntas. Ela morava numa cidade ao lado da minha e o apartamento que eu tinha era lá também. Moramos juntas por 8 meses, mas em 5 meses nossa relação de amor já não existia mais. Não consegui conviver com o sentimento da traição. Sempre desconfiava de tudo que ela fazia e brigávamos muito.

Fiquei morando lá por mais 4 meses e resolvi voltar pra minha cidade pois me sentia muito sozinha. Em todo tempo que morei lá, me tornei muito caseira, não fiz amizades, não saia de casa.

Já faz quase 1 ano que estou sozinha, não tenho vontade de sair  e nem de conhecer novas pessoas. 


Sinto hoje que o amor não é pra mim, perdi as esperanças de encontrar alguém que realmente me entenda e me respeite. 


E a vida segue sem surpresas...

* Carla

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A tão sonhada Fe-li-ci-da-de!!

Bom, eu nunca fui uma criança muito normal, sempre fui um pouco madura demais pra minha idade, cresci em um meio evangélico, para ser mais precisa fiquei 10 anos na IURD (Igreja Universal do Reino de Deus) e 5 deles como obreira.

Fui sim muito dedicada, aprendi muita coisa nesse tempo em que fiquei lá, mas sempre chega a hora em que algumas opiniões não batem e aí começa a intolerância e tudo mais ligado a ela...

Iniciei minha faculdade de psicologia, sempre fui muito aberta a tudo e sempre tive uma percepção das coisas muito positiva.

Acredito que por ter sido tantas vezes julgada, discriminada e sempre no meio de tantas regras e pressões por todo lado, hoje sou livre de limitações, sei lidar muito bem com as pressões e pouco me importo com o que vão pensar, achar e falar de mim.

Meus  namoros com os rapazes nunca foram para frente por muito tempo.

Minha paciência sempre foi pouca, minha cabeça sempre esteve à frente, então sempre fui de certa forma interessante a eles, mas eles nunca me despertaram tanto interesse.

Mas namorava homens por que de alguma coisa gostava, cheguei a ser uma tarada por homens, mas alguma coisa faltava.

Eu me dedicava, dava o melhor de mim, mas nunca o que recebia de volta era o suficiente e o tempo passava e a mesma coisa acontecia: eles sumiam.

Nunca sofri ou chorei por algum relacionamento rompido, sempre fui firme, sempre me amei muito e sempre tive a ideia fixa: ''Eu dei o meu melhor''.

E isso me bastava.
Minha mãe me achava estranha, fria e até chegou a dizer que eu não amava ninguém a não ser a mim mesma.

Quando entrei na faculdade tinha algumas semanas que o meu ultimo relacionamento havia terminado.

A ideia de me relacionar com mulheres e desistir de uma vez dos homens sempre martelava na minha cabeça.

Nunca fui tão vaidosa, e nem ligada a essas coisas típicas de ''mulherzinhas''. Hehehe. Minhas amigas sempre tiveram que praticamente me obrigar a calçar um salto e me maquiar um pouco.

Sempre fui a favor de estar sempre confortável e nada de chamar tanto a atenção.

Pois bem, na faculdade, no primeiro dia de aula, o olhar de uma garota cruzou o meu e me fez tremer as pernas e entrar em um momento de confusão astral. 

No segundo dia e nos próximos eu me peguei desejando ela e atraída por tudo nela, desde o cheiro a pele a voz a personalidade as curvas...nos identificamos muito e logo sentávamos juntas.
Precisei apenas de uma semana para deitar minha cabeça no travesseiro e tentar arrumar toda a confusão de sentimentos.

Em uma semana assumi para mim mesma: ''Estou apaixonada por ela e isso é um fato''. 

Reformulei todas as minhas opiniões no que se refere a religião, sociedade, amigos, sexo.

E então reuni meu grupo de amigos e joguei as cartas na mesa: “Estou apaixonada por Ela!!!”

Me receberam com piadinhas, hehehe, mas foram tranqüilos.

Algumas semanas se passaram e ela foi me visitar no trabalho com a sua ''amiga'', que, claro, no dia seguinte me revelou que era sua namorada.

Os dias foram passando e em uma mesa de bar com a galera da sala, sem perceber entre um copo e outro de cerveja entramos no assunto de homossexualidade.

E então dei minha opinião disse que não era curiosa, mas que me apaixonei por uma mulher. Apenas aconteceu: me senti atraída e aceitei tudo numa boa. 

Nunca tive curiosidade de beijar outra mulher, o que sentia por ela era atração, admiração, desejo... Bom, isso passou. Hoje ela é casada com a namorada e são felizes. 

Troquei de faculdade por perder a bolsa que eu tinha .....e é ai que a minha historia começa...

Também no primeiro dia de aula, vejo entrar uma garota linda, de olhar meigo e jeito tímido, me apaixonei de cara, trocamos algumas palavras como nome, msn e coisas do tipo, contei a ela a minha historia e como me descobri lésbica. 


Claro que com medo, porque seria nessa conversa que eu iria saber o que fazer com o que eu estava sentindo. A reação dela foi de acolhimento, o que me deixou mais calma: pelo menos ela não era homofóbica.

Três semanas depois já havíamos ficado, e o pedido de namoro já tinha sido feito. 

Hoje eu sou totalmente completa e satisfeita.

Nunca tive um relacionamento que me fizesse tão bem e que tudo fosse tão recíproco.

Me sinto amada e amo muito, estamos no nosso segundo mês de namoro, mas parece que já são anos.

Ela ainda está na fase de se aceitar e de organizar as opiniões dela no que se refere a reação da família, religião e tudo mais.

Estamos muito felizes, embora ainda tenhamos que nos esconder, que inventar desculpas para sair, sendo que nossa vontade é de expor e de gritar pro mundo que nos amamos.

A bomba lá em casa explodiu. 


Minha mãe faz que não vê. Meu pai está mais tranqüilo, mas não encara as coisas e ambos pensam e se iludem que estou sozinha e que tudo foi apenas uma fase.

Meus amigos apóiam, já a situação dela é bem pior: a madrinha é freira, os pais moram em uma cidade no Goiás, pequena até, ela está aqui em Brasília com o apoio da madrinha e a última coisa que ela quer é decepcionar ela.

Os amigos dela não a apóiam, todos em volta dela são conservadores e católicos assíduos. Estamos em uma fase delicada, mas é fato que estou completamente apaixonada e louca por ela.

Ela é tudo para mim, é a minha menina, a minha namorada... e estou disposta a tudo por esse amor !!! 


Então, forças meninas!! 
Que o que realmente importa é a tão sonhada felicidade!!

Uma história que começou bem cedo

Olá, me chamo Fernanda tenho 21 anos e uma história bem longa...

Aos 09 anos conheci uma garota por quem desenvolvi uma grande amizade, era uma loucura: aonde uma ia, a outra estava. Nos gostávamos muito, até que num belo dia ela veio pra mim e disse:

“ -- Estou gostando de você!” 

Fiquei pasma, não acreditei no que estava ouvindo... E não aceitei também.

Disse que era mulher e que jamais ficaria com outra mulher, que eu e ela tínhamos que ficar com homens e tal.

Enfim, apesar de super preconceituosa e confusa eu fiquei com ela.

Ela então disse que iria se afastar de mim por uns tempos, pois não agüentava mais me ver e não poder tocar meu rosto, beijar meus lábios, me abraçar...

Como ela não era daqui de São Paulo, viajou para a cidade dela, o Rio de Janeiro, e ficou por lá durante seis longos meses.

Eu quase pirei, morri de saudade dela e numa tarde de sexta-feira criei coragem liguei pra ela e disse tudo o que eu estava sentindo. Falei que não agüentava mais de saudade, e que queria que ela voltasse pra mim. 

E assim foi: ela voltou e iniciamos um namoro que no inicio foi ótimo, mas que depois foi ficando muito difícil, pois, ela era muito ciumenta. Então varias vezes nós brigávamos e terminávamos e depois acabávamos voltando. 

Foram quatro anos de namoro. Eu gostava muito dela, já não ligava mais pras brigas que tínhamos, nosso relacionamento estava em crise quando nós brigamos feio e ela foi para o Rio.

Passou uma semana lá, porém no terceiro dia que ela estava lá fizemos as pazes. Ela voltou na próxima semana junto com a mãe dela, e eu que estava morrendo de saudade, fiquei super feliz e fui até a casa dela para vê-la.

Ao chegar tive uma grande surpresa, ouvi Maysa e a mãe dela discutindo feio e quando entrei ouvi a mãe dela dizendo: “A Nanda já sabe?”

Ambas choravam muito, fiquei confusa e quis saber o que estava acontecendo, nesse dia me senti pequena, perdi o chão, quis gritar, correr, chorar e não fiz nada!

Descobri que Maysa simplesmente estava GRÁVIDA!     

Meu mundo desabou.

Aqueles 4 anos foram para o lixo, fiquei péssima.

Terminei com ela, e decidi que não ficaria mais com mulheres, afinal nunca tinha ficado com homens. Depois de um tempo comecei a namorar um cara, ele até que era legal e tal, mas sentia que me faltava algo.

Mesmo assim por um ano e meio tentei me enganar. 
Mas comecei a trabalhar e conheci uma garota no meu trabalho.

Depois de um tempo começamos a ficar.
Decidi então terminar com ele, e bem nessa época surgiu a JULLY, mulher da minha vida. 

Não teve pra mais ninguém quando a vi pulei pra cima dela, foi uma coisa louca, me apaixonei de verdade, enquanto ela só queria saber de zueira e tal.

Mesmo assim começamos a namorar. No começo foi muito difícil, pois ela não levava nossa relação muito a sério, para ela eu era só mais uma.

Misteriosa, ela nunca me falava muito de sua vida em casa, só depois de algumas semanas juntas foi que ela me revelou que tinha uma filha.

Ela acreditava que isso de alguma forma iria interferir na nossa relação, por isso escondia de mim.

Eu, sempre acreditando na nossa relação, decidi investir nela.

Finalmente ela começou a gostar de mim como eu gostava dela e a me levar a sério.

Então me assumiu para a família que não aceitou logo de cara. 

Mas decidimos que iríamos lutar por nós.


Hoje tanto a minha família como a dela nos aceita como somos, e sabem que nos amamos muito.


Estamos casadas há 3 anos eu a amo muito e recebo dela a certeza de que sou muito amada também. 
Vivemos muito bem e somos todas muito felizes.

domingo, 26 de setembro de 2010

Sou livre, porque me aceito.

Eu sempre fui uma garota diferente das outras garotas, por isso já aviso que poucos poderão se identificar comigo, mas até aí, com tantas pessoas diferentes e maravilhosas pelo mundo afora, talvez, quase certo, eu esteja enganada. De fato, minha vida pode se resumir nessa única expressão: Estou errada. Opressor e oprimida. Descobri desde cedo que nem tudo que vemos e sabemos é como as coisas são na verdade e, por isso, por muito tempo tive heróis demais e espelhos de menos.

Eu sempre gostei de garotos.
É, garotos.

Dos sorrisos, dos jeitos, dos cheiros, das mãos grandes e das vozes fortes. Sempre gostei tanto de garotos que boa parte da minha vida eu passei me negando como mulher. Eu dizia que se tivesse nascido homem, teria nascido gay.

Eu realmente gosto dessa palavra, sabe. Embora ela muitas vezes saia com mais força, medo e espanto do que deveria, meu primeiro pensamento, ainda hoje, é a daquela criança que se disse gay, porque era feliz.
Meus primeiros contatos com garotos, sempre foram muito fortes e deixaram grandes impressões, amigos de infância, vizinhos de carteiras, primos em excesso, o garoto da rua de baixo com a bicicleta de gente grande, o garoto com o sorriso bonito que todas as garotas gostavam, o garoto brincalhão que sempre vinha me pedir conselho, o garoto isolado que sempre me procurava pra falar de coisas estranhas que só agente entendia, o que tinha dificuldade nas matérias e eu sempre ajudava, enfim, em minha vida eles vieram de montes, apaixonados, brincalhões, fáceis. Sempre foram meu refugio, meu lar.

Mas as meninas, as mulheres, sempre foram minha perdição.

Me era fácil dar um conselho a uma amiga sobre namorados, ficantes e amigos coloridos. Mas as mulheres... eu nunca consegui dar um conselho sobre uma namorada ou uma garota especial. Eu simplesmente não as entendia. Não compreendia suas lógicas, suas atitudes, suas roupas ou suas maquiagens. Por que para mim tinha que ser divertido, tinha que ser ousado, tinha que ser descomplicado.

E foi nesse clima de amor e ódio que passei a minha adolescência tentando me compreender. Não podia ser lésbica, não era gay. Mas, meu Merlim amado, como eu era diferente das heterossexuais! Minhas músicas eram diferentes, minhas filosofias, minhas crenças, meu jeito de vestir...

Minha primeira lição de vida, foi sempre estar pronta pra dizer, "eu não estou certa", não por que esteja errada, mas por que o mundo é tão cheio de mundos diferentes, e cores, e amores, e artes, que é impossível estar certa, por sempre existir algo a mais a se aprender, a se criar, e principalmente, a se amar.
Amor, nos contos de fadas, nos filmes, nos livros, nos poemas.. por todos os lugares. Não foi uma lição ou um aprendizado. Sempre foi minha própria consciência. “Se existe amor, sempre existe esperança”.

Eu beirava os 16, quase 17 anos, quando conheci ela. Aquela menina, aquela garota, aquela mulher que me virou o mundo de ponta cabeça e me deixou ainda mais perdida do que já estava.

Nunca gostei de loiras, e ela nem é uma de verdade, mas era assim que a chamava, de loira. E cada vez que pronunciava seu segundo nome, era com um carinho que me assombrava, uma vontade de não sei o que me deixava sorrindo e seu sorriso, seus olhos azuis, sua pele branca me fazia querer tocá-la, sussurrar em seu ouvido, vê-la sorrir uma vez mais. Com ela aprendi o segredo da maquiagem, do salto alto, da vontade de ser mulher. Com ela aprendi que era loba selvagem, que era mãe, amiga, irmã e amante. Ela era bissexual e, eu nunca soube, mas foi só quando me disseram que eu entendi. Por que pensei pela primeira vez nela com outra mulher e me incomodava, me excitava e me deixava tremendo. Pensei comigo mesma, com tantas coisas pelas quais passamos na vida, a cada segundo, a cada minuto...  por que não ?

E foi assim que começou, um encontro de lábios gentis numa festa com som alto, um toque mais longo numa sala de aula, abraços roubados e sorrisos cúmplices. Uma brincadeira de criança, mas tão adulta, tão apaixonante, tão envolvente. Exatamente como ela era. Nossos beijos dados em lugares vazios, em banheiros escondidos, em festa para entreter garotos. Nós estávamos em mundo diferente. Me descobri, a última coisa que esperei de mim mesma, me descobri lésbica, me descobri uma garota apaixonada por uma garota. E eu amei cada segundo, se era errado, eu nunca descobri, porque amor e errado, nunca foram palavras que se encaixavam na mesma frase na minha mente e no meu coração, mas tive medo mesmo assim, medo da perda e principalmente, medo do mundo.

Mas nada disso importou quando, numa noite, nós duas, escondidas debaixo de um cobertor quente nos desnudamos e nos tocamos, sua pele macia contra a minha, seus seios cor de leite cujo meus lábios não conseguiam parar de beijar, suas pernas grossas pressionando as minhas, seus dedos finos percorrendo minhas costas, seus cabelos loiros escorrendo por entre minhas mãos, seus gemidos e tremores que me enlouqueciam. E juntas, assim, encontramos um mundo diferente, um mundo de cheiros, cores e formas que era só nosso. E no dia seguinte, nenhuma das duas precisou de palavras, sorríamos uma para a outra e estava tudo em seu devido lugar.

Não viramos namoradas, ela continuou com seu namorado, o qual sei que a faz feliz, porque finalmente eu posso dizer que entendi. Entendi seu tipo de amor, seu jeito de andar, seu jeito de amar. Porque ela foi a primeira, e depois dela vieram as outras, vieram garotas lindas, diferentes, garotas rebeldes, garotas alunas, garotas professoras.

Eu nunca perdi a conexão que tive com essa primeira, minha loira, meu primeiro amor. E essa foi minha salvação, porque quando me percebi lésbica, me apaixonei por um garoto.

Garoto sério, menino malandro. seu olhar me atingia de longe, seu sorriso me fazia sorrir e seu corpo me fazia tremer. O engraçado é que o que nos aconteceu foi muito parecido com o que aconteceu comigo e com a minha loira. Foi um amor, uma paixão, sem posse, sem ciúme. Foi devagar e cúmplice, foi companheiro e carinhoso. Mas também foi fogo e quente, deslumbrante. Nesse ponto eu já tinha voltado a estaca zero. Dei tempo ao tempo. De que importa se me gostam as mulheres, de que importa se não faz sentido nenhum. E de novo eu amei cada segundo, amei sem culpa, por que mais do que nunca, amor e errado continuavam a não se encaixar na mesma frase, se tive medo, não me recordo, mas tive receio e tive minhas próprias dores. Minha loira estava entretida com os problemas do próprio namorado e eu, sofria ao vê-la sofrer.

Aprendi minha segunda lição: quando se ama, tinha que se saber o sabor da liberdade, e a ela, aquela que tinha me libertado, fui incapaz de exigir que se prendesse a mim, ela era como um pássaro, e o namorado dela sabia, sabia e compreendia, e me machucava porque sabia que ele a faria feliz, então esperei, e esperei, e esperei. E quando o momento veio, eu pedi que ficasse, porque ela tinha o direito de saber o quanto eu a amava, mas também pedi que partisse. E de novo, não precisei me explicar. Ela também sabia, ela compreendia.

E foi ele, rude, de poucas palavras, mas o coração do tamanho do mundo, quem colheu meus pedaços, quem me ensinou como amar de novo. Nos amamos nos silêncios, alguns doloridos, escondida em seu peito, alguns calmos, sentados lado a lado, vários divertidos de risadas contidas e vários de olhares e corpos, músicas que dançamos, segredos sussurrados, apoio ilimitado, sem prisões, sem amarras, só o carinho e a química doida que sentíamos um pelo outro. E logo, não existiam momentos doloridos, só o respeito por quem éramos, a paixão que crescia cada vez mais.

E um dia, num fim de noite, deixando meu corpo me mover, entregue ao som de músicas que já não me recordo mais, quando ele passou os braços à minha volta, com seu peito em minhas costas, dedos entrelaçados com os meus, é que entendi, mais uma vez, que gosto de garotos.

E depois, segurada contra a parede, deixei meus lábios tocarem sua pele morena, suas mãos grandes segurarem meus seios, seu sexo pressionado contra a minha coxa, eu quis que ele se cravasse dentro de mim, eu quis segurá-lo e amá-lo. E eu o fiz, louca e apaixonadamente. E, por uma noite, ele foi meu amante, só por uma noite. Ela era como um pássaro, mas ele eu sempre soube, não era homem de uma só mulher. Por isso no dia seguinte eu o beijei e fui embora.

Se era certo? Talvez não, eu não sei. Mas sei que isso nos levou exatamente aonde estamos agora, amigos e irmãos. Fomos amantes mais algumas vezes, mas sei que jamais seríamos companheiros, jamais seríamos parceiros. Mas meu amor por ele sempre foi o suficiente e o amor que ele tem por mim me é o suficiente.

Se uma história tem que ser uma história de final feliz, sei que sou um alguém sem história, porque não tenho fim. Meu resultado, entretanto, eram perguntas sem respostas. Me descobri sem identidade, sem rumo, sem caminho. Me descobri amada, mas sozinha.

E nesse momento aprendi minha lição mais importante: Ame, sem esperar  ser amada. “Porque enquanto existe o amor, existe a esperança”.

Não sei se procuro por mulheres ou por homem, talvez deva me dizer bissexual, mas quem sabe?


Num mundo cheio de pessoas diferentes e maravilhosas, talvez, quase certo eu esteja enganada. Mas, por fim, de que importa. Amar com todo o seu ser, seja quem você é. 

Se te amedontra, enfrente com mais afinco. Se te fascina, deixa-te envolver. Permita-se ser verdadeira. Numa realidade de tantas mentiras, tanto ódio e repugnância, a única lição que vale a pena, acima de todas as outras, é a lição que só o amor pode ter ensinar.

E foi com essa convicção que me coloquei frente a frente com a prova de fogo, olhei nos olhos da minha mãe e lhe contei que gostava de garotas, e confiei, confiei trêmula na mulher que me criou com o amor que lhe foi possível e esperei pelo tapa que, felizmente, nunca veio.

Eu confiei e mais uma vez eu agradeci a Deus, a Merlin, aos deuses que sejam, que criam e destroem, porque se existe um motivo de eu ser quem sou, é porque estou cercada de pessoas que acreditam nas mesmas coisas que eu, os amigos que se foram, doeram em seu tempo, mas os que ficaram foram aqueles que mais me importavam, e isso só prova que por mais estranha e confusa que eu seja, sou amada. E por isso não tenho medo de amar.

E essa é a lição que passo, que faço questão de deixar a aqueles que quiserem ouvir.

Não existe mais confusão em minha cabeça, só uma vontade enorme de descobrir o quanto sou capaz de ser aquela que sei que posso ser. Ser a pessoa que escolho ser. A pessoa que nasci para ser.

Minha vida é, sempre foi e sempre vai ser, minha luta mais difícil. Ouvi dizer, que ser bissexual é como estar em um armário de duas portas. E logo descobri que é um armário que, não importa aonde você vá, você sempre acaba dentro de uma das portas. No mundo lésbico eu não posso ser hétero, e no mundo hétero eu não posso ser lésbica.

Ainda sem identidade.

E essa foi a lição que fiz para mim mesma: Sou muito mais do que um rótulo, do que lésbica, do que homossexual ou bissexual. Muito mais do que mulher, homem, mãe, filha, amiga e irmã.

Sou livre, porque me aceito.


Sou amante, porque amo.


Sou gay, porque sou feliz.



CaddyBlack