quarta-feira, 14 de abril de 2010

Primeira luta

Tenho 22 anos e moro em Bauru, SP.

O medo de ser diferente do considerado normal é um sentimento que não entendo. Sinto, mas isso não faz com que eu consiga entender, muito pelo contrário. Sei que o motivo é a reprovação. Sei também que cada ser humano é único do jeito que ele é. Porém, sabendo disso, ainda sinto o medo.

Me entendi homossexual há mais ou menos 1 ano. O pensamento já pairava em mim, mas a luta contra se sustentou por um tempo, até que percebi que não havia mais jeito de negar. Nesse último ano fui absorvendo a ideia, tentando confirmar que isso realmente existia em mim. Depois de fugir de um beijo e parar de correr da verdade, decidi aceitar de uma vez por todas, que sim, sou lésbica.

Falar é fácil. Na verdade, escrever é fácil.Confesso que ainda não disse isso em voz alta. A aceitação está acontecendo aos poucos, primeiro dentro de mim e depois será externada, sem dúvida. Seguindo o que disse uma pessoa que me ajuda muito, mesmo não sabendo disso, preciso me fortalecer primeiro, antes de enfrentar os outros. Estou nesse caminho, firme e quase forte.

Já foi mais difícil. Houve momentos em que eu queria gritar, explodir, sair correndo dos próprios pensamentos. Angústia? Sim, eu ainda sei o que é isso. Mas sabe o que ajudou muito? Ver que tantas outras pessoas sentem e sentiram a mesma coisa. Ouvir histórias de pessoas que estão felizes depois de toda a turbulência ajuda a tentar enxergar um futuro, que seja próximo, eu espero.

E contar também ajuda. As "toneladas" que eu sentia em minha cabeça diminuiram considerávelmente depois de contar essa "novidade" para três amigas, que estão me apoiando e me ajudando. Detalhe. Para nenhuma delas eu precisei falar a frase definitiva. Duas adivinharam, pois já desconfiavam e outra foi tentando várias possibilidades, pois eu não conseguia dizer.

Sei que logo vou conseguir dizer a tão temida frase: eu sou lésbica. Acho que criei um bloqueio em relação a isso. É o medo, o tão temível medo que atrapalha todo o processo. E o medo é maior quando penso no quesito família, que considero a pior luta de um homossexual, depois da autoaceitação. Quando chegar o momento de enfrentar essa luta volto a contar os acontecimentos. Por enquanto eles são homofóbicos e não sabem nada de mim. Um dia, quem sabe.

Uma batalha de cada vez e ainda estou na primeira.

PS: Agradeço extremamente à Helena por este espaço para os "desabafos".

* Patrícia - 22 anos - Bauru

3 comentários:

Tânia disse...

Não tenha medo de ser feliz... A vida sempre nos dá oportunidades quando assim o queremos e estamos preparadas para elas, basta abrir seu coração e sua mente e querer com muita garra algo que você alcançará o que quiser... Basta dizer que está pronta e correr atrás que as coisas virão.

Anônimo disse...

Patrícia, tou quase na mesma situação que você.. Ainda nao assumi.. So quem sabe é meu amor(minha melhor amiga) e outra amiga da gente. Agradeça a Deus por ter pessoas que te apoiam, nao tem coisa melhor q isso. Eu espero, como vc, que quando passar essa turbulência, eu seja mto feliz.. Mas independente de qualquer coisa, sei que tou seguindo o caminho que acho mais honesto comigo mesma, é o que eu quero. Boa sorte, que vc supere essa fase e seja mto feliz! Beijao

nara disse...

"...Um dia, quem sabe..."- É isso aí, aceitar a si mesma com certeza é o primeiro passo, confiança.