quarta-feira, 14 de abril de 2010

Lésbica assumida

Minha história como lésbica assumida teve seus altos e baixos, como tudo nessa vida. Assumi que amava as mulheres aos catorze anos de idade. Também decidi que faria de tudo para que meu pai não ficasse sabendo. Confiei "meu segredo" para um grupo de amigas na escola e a reação de quase todas foi positiva. Apenas uma delas repetiu o discurso que decerto assimilou em casa: ela me disse que sentia muito, pois "nós homossexuais sempre acabamos sozinhos". Não vou falar sobre isso aqui, não é nosso objetivo, certo?

Aos dezessete me apaixonei pela primeira vez. Ela tinha 28 anos.Nessa mesma época e até meus dezoito anos uma professora de geografia mandou cartas de amor para a minha casa. Eu não tinha o menor interesse na professora, mas as cartas acabaram chamando a atenção do meu pai e foi assim que ele descobriu sobre mim. Ele tentou, em vão, descobrir se a professora tinha transado comigo depois, sem nenhuma prova, desistiu de processar ou humilhar a moça. Munido da concepção errônea de que eu sofria de algum distúrbio psíquico me intimou a fazer terapia. Logicamente que a terapia me fez bem, obtive excelentes resultados e com o ego fortalecido me tornei mais assumida do que antes. Meu pai sentindo-se traído e frustrado com o resultado da minha terapia resolveu apelar para um outro método muito usual na minha casa: me agrediu. E digo mais: foi a primeira vez que tive a sensação de que ia morrer.

Minha mãe disse que se ele ousasse bater-me novamente ela ia embora(na verdade ela se divorciou dele cerca de um ano depois). Minha ex-professora de educação física me orientou para ameaçá-lo de dar queixa na polícia. Aqui gostaria de esclarecer algo: eu não sabia e nem ao menos imaginava que se pudesse denunciar o próprio pai, pois apanhei desde a infância e nunca fui socorrida. Minha personalidade estava em formação e a ideia que eu tive é de que o pai e a mãe podem fazer o que bem entenderem, somos os filhos e temos obrigação de apanhar em silêncio.

Assim, aos dezenove anos incompletos saí de casa. Contei com o apoio da minha segunda namorada e logicamente evitei meu pai desde então. Não faz falta, nunca fez. Quanto à minha mãe eu perdoo e comprendo suas falhas: minha mãe é doente, ela é esquizofrênica e nos damos muito bem. Minha mãe sempre  apoiou as minhas escolhas, respeita meu atual casamento e nunca perdemos contato. Muita gente já me disse que é uma questão de tempo para que eu fique "igual" à minha mãe. Quer saber? Passei a maior parte da minha vida assombrada com essa ideia, mas agora eu não me importo. À maneira dela, errando e acertando muito, foi a melhor mãe que eu poderia ter.

Sou uma mulher feliz e me considero privilegiada pelas pessoas que entraram na minha vida e me ajudaram a seguir em frente.

* Andréa - São Paulo

5 comentários:

Tânia disse...

Se você é feliz e proporciona felicidade a alguém com certeza ama e é amada, e o amor em nossas vidas nos fortalece... Boa sorte em sua vida...

Cinde disse...

Tô gostando daqui....

Inara disse...

Me impressiona com a sua força.

Anônimo disse...

adorei a sua historia

Unknown disse...

Me assumi como lésbica a cerca de um ano e meio atraz , mais o meu caso acaba se tornando um pouco mais complicado , eu tive relacionamento com homens ate os meus 16 anos , mais nao era bi ou me tornei por decepção coisa do tipo , desde pequena eu olhava diferente para as mulheres , minha primeira paixão foi aos 6 anos ela se chamava Marianne ... Mais com o preconceito exagerado da minha família tive medo e ocultei esse lado , achando que poderia olhar para homens ! Passei minha adolescência toda alimentado que meu lado homo era coisa da minha cabeça por nunca ter provado uma mulher , achava que era desejo apenas de experimentar algo novo , pois bem aos 14 casei aos 15 engravidei tive meu filho aos 16 anos ,e me separei... Entrei em uma pequena depressão por ter um bebe e nao poder sair correndo que gostava de mulheres ... Isso me complicou , quando meu filho teve ali seus 10 meses conheci uma garota , contei a ela sobre minhas duvidas e ela jah era uma lésbica assumida, me deu alguns conselhos e fomos se falando ao longo do tempo, ate que no festival de inverno da minha cidade nao me contive e a beijei, perdi meu BV aos 17 anos sera possível, rsrs... E ela continuou foi mágico, meu coração acelerava muito e pude ver que eu gostva mesmo de mulheres , passaram dias e comessamos a namorar , mais eu nao sabia comp falar com a minha mãe, eramos confidentes de tudo , mais sobre isso nunca tive espaço pra conversar com ela ! Mais mae sente, e foi ai que ela descobriu tudo , me deu alguns tapas comessou a chorar , eu nao sabia oque fazer ver minha chorando estava me matando, mais eu nao podia me esconder mais ficar com homens era repugnante , então disse que seria desse jeito e ela não ia poder fazer nada , tentou ate me separar de Tais, oque nao adiantou... Se passaram uns tempos minha familia toda já estava sabendo apontavam os dedos para mi defamar de sem vergonha e viciada em sexo apenas por gostar de mulher , me falavam que nao era isso que o meu filho merecia , mais eu sei que darei a melhor educação de todas a ele vou ensinar oque é amor ! Eu e tais nao estamos mais juntas nos distanciamos estou com outra garota estamos pensando em casar e meu filho a adora ! Minha mae aprendeu a respeitar meu lado e jah leva tudo na brincadeira conversa com ela , toma umas kkk .. E gracas a Deus esta tudo bem ... Ainda escuto críticas das pessoas na rua por ser uma mae lésbica mais quer saber nem LIGO eu estou feliz assim e nao preciso de ninguém querendo me tornar oque eu nao sou!